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Desautomatizar

Na pressa dos dias, aprendemos a lidar com o cotidiano de maneira automatizada; nos convencemos de que não é necessário pensar para executar tarefas básicas e banais que preenchem nossas rotinas. Deste modo, já não há novas expectativas ou perspectivas quanto aos caminhos e trajetos que tomamos para os lugares que usualmente frequentamos, ou talvez para o gosto das refeições que comemos todos os dias. Então, tudo pode parecer automático, monótono, sem graça. Já não nos percebemos porque os costumes e manias absorvidos por nós desde a infância estão tão enraizados que questionar o porquê das coisas parece algo irrelevante. Quem e por que somos? Onde e por que estamos aqui?

A ânsia pela evolução, tecnologia e velocidade (imediatismo) faz com que nos tornemos fruto daquilo que criamos e, ao invés de essas invenções nos ajudarem, acabam por nos deixar à mercê de suas capacidades incríveis que, na verdade, não passam de mera imitação, ainda que melhorada, do que antes já podíamos fazer.

As dicotomias que outrora serviam para nos conectar com o que para nós era de importância primária, hoje mudam em instantes, ditando regras e comportamentos em todas as nossas ações e decisões. Nos guiam por instâncias que, por vezes, fazem pouco ou nenhum sentido.

Quão vastas são nossas capacidades? Podemos vasculhar o espaço, construir computadores aptos a obedecer aos nossos comandos, desenvolver fórmulas matemáticas e físicas, descobrir novas receitas químicas que produzem vacinas, etc. Somos capazes de explorar o universo. Mas temos, também, a infinita habilidade de criar, recriar, imaginar, re-imaginar e reconfigurar tudo aquilo que está aqui, ao nosso alcance.

Assim, assamos um bolo (esta mágica gastronômica que mistura elementos tão distintos para resultar em tão deliciosa doçura) e compartilhamos com aqueles que convivem conosco, ou construímos instrumentos e criamos canções que falem de nós e da nossa cultura por gerações e gerações, ou fabulamos sobre os mistérios que existem após a morte. 

Não nos parece em vão que a maioria dos filmes selecionados para essa mostra se utilize de técnicas rústicas em detrimento de tecnologias mais avançadas da animação. É como se, a cada quadro, os filmes nos convocassem a um outro olhar, menos inclinado à pressa e mais devoto dos detalhes. Para observar a panela de barro, ou o bolo de chocolate sobre a mesa, é preciso estar atento, sem distrações e sem pressa.

Gigantes que somos em nossa capacidade de criar (máquinas e mentiras) e desvendar (outros mundos e mistérios), repousamos aqui, ao nosso redor, onde nossas mãos podem tocar, nossas mais inteiras paixões e nossos desejos mais fundamentais, nossas ambições primárias, nossos sonhos infantis. Para isso, enfim, “desautomatizamos” a vida por alguns instantes, desligamos os motores, desaceleramos o olhar, ignoramos o ritmo do mundo em nós e, somente a partir daí, reconhecemos, finalmente, a importância simples dos gestos e das coisas pequenas. 

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Este texto integra a Mostra Pachamama do Festival de Cine Latino Americano El Caracol, realizado entre 16/novembro a 19/dezembro de 2020. Assista aos filmes e acompanhe as mostras no site:

https://festivalcinecaracol.wordpress.com

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A Natureza das Imagens

O que podem, ainda, as imagens em movimento nestes tempos em que o constante registro do cotidiano nas redes sociais tornou a produção de imagens em mais uma parte banal de nossas rotinas? O que ainda tecem os fios do Cinema, que valor eles têm em uma realidade de olhos treinados por tiktoks e instagrams? O que pensar do futuro das imagens? O que se saberá, em breve, sobre a natureza das coisas quando tudo nos (a)parece previamente produzido, roteirizado, como se nossas vidas fossem fábulas, fantasias, espetáculos?

Ora, mas não sejamos tão puristas. O próprio Cinema tem se interessado pela banalidade e pelo cotidiano, feito deles um tema central cativante e poderoso, multiplicado a simplicidade dos gestos e ações, transformando-as em atos heroicos, conquistas inigualáveis, vitórias inesquecíveis, até mesmo longe da estética hollywoodiana. Desde sempre, cinematografias de todo o mundo têm encontrado/(re)inventado seu modo de transformar o mais corriqueiro dos gestos e movimentos em Cinema, ou seja, de imprimir sobre o tempo a paisagem do cotidiano dos homens e da singeleza das coisas. Essa, talvez, seja a natureza mais embrionária da arte cinematográfica.

Se hoje pisamos em terreno excessivamente fértil quanto à produção e reprodução das imagens, é porque esse desejo de registrar a vida nos contamina desde as cavernas. Desde os hieróglifos, ou ainda antes, passando pelas formas nas paredes das cavernas, sonhamos em capturar o tempo e imprimir nele as marcas fundamentais de nossas grandezas e insignificâncias, seja através das palavras ou de desenhos cravados nas pedras. Do teatro de sombras às mais variadas formas de literatura, de Platão aos Lumière, da primeira fotografia analógica ao vídeo caseiro (filmado por uma câmera Super8 ou em um iPhone ultramoderno), tudo é parte de nosso desejo intrínseco de “fazer cinema”.

Entretanto, à medida em que nos rendemos a essa natureza e aos acessos que construímos para viabilizá-la, é possível que tenhamos nos afastado fatalmente de outras naturezas ou da Natureza em si, com N maiúsculo – aquela que, apesar dos pesares, resiste para nos manter acordados, lúcidos e vivos em um mundo semimorto que respira com dificuldade. É possível que, em larga escala, nossa ambição pela fábula e pelo espetáculo tenha desviado nossos olhos e (des)acostumado nossas sensações diante de filmes como estes que aqui, nessa mostra, se apresentam. 

Não é pouco provável que nossos sentidos, alterados pelo novo costume do fluxo quase ininterrupto das imagens da contemporaneidade, nos ludibriem e nos afastem de olhares voltados tão imersivamente à importância da natureza das coisas – é interessante, inclusive, que alguns dos filmes pareçam tecer comentários exatamente a respeito disso (a ilusão de um tesouro enterrado que conduzirá para uma morte inevitável, por exemplo) ou que se utilizem de artifícios técnicos genuinamente cinematográficos para imaginar um futuro distópico onde a natureza se tornou sombria, assustadora e irreversivelmente poluída.

Talvez, portanto, diante desse cenário caótico, seja necessário retornar a simplicidade. Ou melhor, regressar ao essencial. Esquecer por um instante a materialidade da imagem e desafogar os olhos do imediatismo contemporâneo. É preciso desligar as telas e regressar ao invisível, ao abstrato; ignorar a física e perceber a metafísica das imagens e daquilo que elas carregam em si. É necessário, então, regressar ao espiritual, a certo espírito original do qual toda imagem brota ou renasce, à natureza das imagens.

Então, feche os olhos. Imagine uma floresta muda e estática como uma fotografia. Uma floresta verde e vívida, porém imóvel. Observe bem, mas de olhos ainda fechados: imagine. Perceba, então, a fotografia assumir outras formas, outros contornos, como se traços de um desenho muito antigo se sobrepusesse àquela imagem inicial. O desenho, ainda estático, revela outras presenças: outras árvores, outras nuvens, animais, vida… Agora, imagine que essa representação – simples, primitiva, ancestral – começa a se mover, muito lentamente, bailando até que tudo vibre sobre a tela.

Finalmente, o rupestre.

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Este texto integra a Mostra Pachamama do Festival de Cine Latino Americano El Caracol, realizado entre 16/novembro a 19/dezembro de 2020. Assista aos filmes e acompanhe as mostras no site:

https://festivalcinecaracol.wordpress.com/

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A janela dos olhos ou a porta do cu

O corpo é, novamente, o centro de tudo. Não só onde vibram as angústias e prazeres, mas também de onde se originam. É a partir e através dele que pulsam todas as formas de estar no mundo e de pertencer (ou não) a ele. É dentro dele, também, que se desenham as possibilidades de existir e resistir a tudo que a ele foi imposto: símbolos e imaginários, desejos, observações, registros. 

Nessa mostra queer (cuir), a desobediência dos corpos faz transbordar outras espiritualidades — ancestrais, místicas, reavivadas — assim como outras formas de fabular sobre si mesmos, reinventando maneiras de ser lidos pelo outro e, antes de tudo, por si mesmos.

Do pássaro morto em um balanço de madeira ao corpo feminino, nu, estirado no chão — representação de desvios de comportamentos que são atribuídos pelo modelo social que impõe conceitos, pensamentos e condutas o tempo inteiro — lido como estrume, margem-descartável; na revisitação do conto clássico ao tentar reimaginar, nele, sua própria identidade e performance; ou, ainda, na metafísica do ritual travesti que oferece ao mundo colonizado uma possibilidade de cura: tudo inunda dos corpos (filmados, presentes) para desaguar em nós.

Não por acaso o registro materialista de fotografias em preto e branco parece fragmentar um corpo, aparentemente como um campo vasto, fértil de desejos e afetos para ao fim culminar em olhos que, famintos, parecem querer devorar o mundo, indagando tanto a si mesmo no espelho quanto a nós, espectadores: “você já tentou olhar nos meus olhos?”. É um questionamento profundo sobre como são vistos estes corpos e as personas que o habitam perante uma sociedade conservadora e bestial em seu conservadorismo, que prega a inexistência de um comportamento que não seja padronizado, pois uniformizam os corpos, o desejo, o afeto, a sexualidade, etc.

Não fosse o bastante confrontar o mundo material, há também um ávido questionamento do divino. Não de sua existência ou relevância, já que essas, aqui, se manifestam escancaradamente, mas de sua responsabilidade como “artista criador” de todas as coisas. Daí a proposta de preparar um quarto de cura ou de rimar em protesto contra comportamentos racistas que encontram representação, encorajamento e respaldo no imaginário de um Deus branco e heterossexual. Talvez venha daí também, no ato de reescrever a fábula, a ambição de reimaginar sua própria existência, no sentido de reformular a imagem de si mesmo diante do mundo, recriando não apenas suas formas, mas também suas potências.

Nesses corpos não castrados, desobedientes de uma ordem homogênea e padronizadora de tudo, energizados pelo desejo e pela vontade soberana de ser o que são, inseridos onde quiserem estar e da maneira que precisarem ser, as origens e os fins se misturam, bem como o físico e o metafísico, em constante conflito: a alma e a carne, a vontade de viver e o anseio pela morte, a janela dos olhos ou a porta do cu, tudo se confunde, propositadamente, em uma espécie de manifesto que reclama o direito de não se submeter aos moldes impostos, o direito de desobedecer, de (re)criar outras imagens tanto de si quanto de um Deus que consigo se pareça, finalmente criado à sua imagem e semelhança.

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Este texto integra a Mostra Queer do Festival de Cine Latino Americano El Caracol, realizado entre 16/novembro a 19/dezembro de 2020.

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O tesouro e o espelho

Aproximar-se da produção cinematográfica indígena latino-americana é observar o tempo, suas marcas impressas tanto nos povos nativos quanto na terra na qual eles ainda resistem, mas é também perceber a memória não como algo estanque, tal qual um estatuto antigo que precisa ser preservado, mas como uma força atuante e em movimento, constante e ininterrupta, que constrói um tecido novo cujos fios se entrelaçam, vivos, diante de nós. 

Dos registros de maternidades possíveis à impressão sonora de uma língua mãe, que ecoa lamentos ou conselhos atemporais, todos os registros audiovisuais que compõem essa mostra exemplificam e constituem essa construção presente e perene da memória. Tudo aquilo que, aqui, pode parecer mera observação de algum passado distante, é na verdade a reivindicação de um presente digno a partir do qual se possa vislumbrar o futuro, mesmo que, nele, ainda seja necessário resistir e lutar. No contexto dessa mostra, na verdade, é impossível dissecar o tempo, pois tudo vibra e pulsa, grita e chora, finca os pés no solo e resiste, aqui, agora, em tempo presente, sob uma linguagem que se renova e nos transpassa enquanto espectadores. 

Observar esses cinemas é, também, reconhecer em nós a insuficiência de nosso olhar colonizado, viciado em imagens de fácil assimilação. É que as lógicas e os desejos da mentalidade colonizadora que nos foram oferecidos desde quando fomos crianças provavelmente nos fariam enxergar, nesses filmes, não só uma perspectiva de tempo e espaço tradicionais, o que talvez nos movesse a encaixar essas personagens como meras marcas de um passado latino-americano distante e esquecível, mas também nos impeliria a enquadrar esses povos sob uma perspectiva de ingenuidade que não lhes cabe, pois já não é possível que, depois de tantos séculos de colonização, os povos indígenas ainda se submetam a velha troca: seu Cinema (o tesouro) pela bugiganga de nossas teorias (o espelho). Não. Nunca mais. Não haverá troca. Não haverá catequese. Não haverá tradução. 

Ainda somos reféns de lógicas e pensamentos envenenados, ainda que minimamente, por uma lógica colonizada e colonizadora, enquanto a arte (e o cinema) indígena aprendeu a resistir ao tempo e às condições de opressão, violência e arrogância que, até hoje, ameaçam sua existência na terra que, antes de tudo, lhes pertence. No pranto cantado que lamenta o passado ou no sonho de fogo que prevê uma praga mundial, tudo aqui é Memória – não para arquivar o tempo, mas para resistir a ele. Estes Cinemas que aqui se apresentam são, portanto, uma maneira de tecer essa Memória, de elaborar uma linguagem que se renove eternamente e com a qual sempre se possa dizer (e, ao dizer, declarar resistência): ainda estamos aqui e não vamos sair.

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Este texto integra a Mostra Cinemas Indígenas do Festival de Cine Latino Americano El Caracol, realizado entre 16/novembro a 19/dezembro de 2020.

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Distanciamentos, aproximações*

As novas imposições acumuladas sobre nós nos últimos meses talvez tenha nos desacostumado ao tempo da observação, ou nos engessado em aspectos essenciais do olhar. Desde o modo como passamos a observar o mundo, sempre a alguns passos a mais de distância, a maneira como passamos a sentir e perceber o mundo em nossos corpos, de mãos devidamente higienizadas e metade do rosto coberto por máscaras que sufocam nosso fôlego e altera nossos sentidos.

Sob efeito dessa “anestesia” forçada, a impressão a respeito da totalidade da imagem que se forma através dos filmes que compõem a Mostra Améfrica Ladina me parece incerta, ainda estou entorpecido. Apesar da perceptível intenção de aproximar os corpos latino–americanos ao redor de uma ideia concisa de narrativas (ficcionais ou documentais, aqui não faz nenhuma diferença) que corroborem com uma construção imagética que traduza unidade e semelhança, essa ideia ainda não me parece suficiente. Ainda preciso dar um passo adiante, me aproximar mais, observar melhor. 

As aproximações estão todas lá e não é difícil reconhecê-las: as favelas dos países vizinhos se parecem com as nossas, seja na geometria desenhada pelas casas ou pelas problemáticas sociais que, lá e cá, ecoam com a mesma intensidade; o racismo e as opressões que permeiam a história e o cotidiano dos brasileiros também tecem suas teias na origem e na vida comum do povo latino como um todo. Olhando de longe, entorpecido, nos percebo tão próximos, tão parecidos, mas isso não é nenhuma novidade.

Mas, se tais semelhanças e aproximações brotam facilmente de nossas lutas e mazelas sociais, o que poderia, então, nascer de nossas diferenças? O que ecoa à partir de nossos abismos? O que pode, por exemplo, o Cinema enquanto veículo de intercâmbio sociocultural diante das lacunas que, inegavelmente, nos separam enquanto povo e identidade? Faz-se necessário, então, um curioso (e quase utópico) movimento contraditório: aproximar-se para perceber o que nos dizem as distâncias. 

Na amplitude e vulnerabilidade daquilo que nos separa, um banho dado pela mãe ou pela avó pode adquirir significados distintos, mas igualmente poéticos (o afago, o zelo, o medo da morte) na capacidade de, através do Cinema, trilhar uma possibilidade de resistir, de gritar, de estar no mundo. 

De igual modo, o discurso que adota o dialeto academicista pode parecer viciado e clichê, porque aparenta estar distante do resto do mundo, ou porque parece conferir a si mesmo o status de vernáculo, mas é a relevância daquilo que se diz e não a forma como é dito o que realmente catalisa uma palavra, um discurso; desta forma, as reivindicações acadêmicas não contradizem ou anulam os lamúrios cotidianos de quem ainda não teve a chance de descer dos morros para ocupar as cadeiras de uma Universidade Federal – são sussurros que, no fim das contas, se complementam e reverberam para fora da cena, para o interior dos corpos que, aproximando o olhar e os sentidos, se permitem atingir pelo discurso das imagens. Afinal, onde mora a relevância de nossos filmes? Na seleção de renomados festivais de cinema ou na carne trêmula de quem, ao ver na tela um corpo com o qual consiga se identificar, esboça dentro de si o princípio de uma chama?

Os corpos, inclusive, são fator fundamental para compreender essa mostra, pois estão inseridos em tela, filme a filme, como se fossem territórios reconquistados por si mesmos, reavivados em sua significância diante do que os rodeia e os perturba. São corpos a respeito dos quais ainda se discute e ainda se anseia construir um caminho, um lugar possível, mas que não pretendem necessariamente ser assimilados pela norma vigente, porque estão mais interessados em, apesar de tudo e de todos, existir. 

Tais corpos, inquietações que vibram na superfície da imagem, ressoam em outras atmosferas, em outros campos, porque se impõem dentro do plano para extrapolar a tela, não só como contraponto narrativo (portanto artístico) e estético (portanto político) à hegemonia branca, europeia, masculina e colonizadora do cinema de todos os tempos, mas principalmente como força mobilizadora de seu próprio discurso, uma força auto suficiente e poderosa dotada de uma originalidade que se reinventa e se redescobre ao passar das décadas. Aqui, o corpo é Alfa e Ômega: é onde tudo começa e onde tudo termina.

E esses corpos – negros, ameríndios, periféricos, dissidentes, femininos – transbordam da imagem, escorrem pelas bordas, porque já não se permitem o papel de espectador, pacífico e subserviente, como quem observa o mundo através de uma janela. Esse lugar nunca lhe foi suficiente. É necessário pular a janela e invadir o quadro, inserir-se na paisagem, ocupar os espaços e gritar em todos os idiomas e linguagens (im)possíveis; é preciso danificar e confundir o que está posto, pressionar os limites, alargar as possibilidades. Enquanto o mundo, abrupta e violentamente, se modifica, essas imagens não apenas resistem: aqui, elas revidam.

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*este texto integra a Mostra Améfrica Ladina do Festival de Cine Latino Americano El Caracol, realizado entre 16/novembro a 19/dezembro de 2020.